Deus Todo Poderoso, que nos criou à Vossa imagem e nos indicou o caminho do bem, do verdadeiro e do belo, especialmente na pessoa divina de Vosso Filho Unigênito, Nosso Senhor Jesus Cristo, permiti-nos que, pela intercessão de Santo Isidoro, bispo e doutor, durante nossas navegações pela Internet, dirijamos nossas mãos e nossos olhos apenas àquelas coisas que Vos sejam aprazíveis e que tratemos com caridade e paciência todas aquelas almas que encontrarmos pelo caminho. Por Cristo Nosso Senhor. Amém.

sexta-feira, 22 de dezembro de 2023

"Depôs do trono os poderosos"


3ª Semana do Advento | Sexta-feira
Primeira Leitura (1Sm 1,24-28)
Responsório 1Sm 2,1.4-5.6-7.8abcd (R. 1a)
Evangelho (Lc 1,46-56)

Manifestou o poder do seu braço,
dispersou os homens de coração soberbo.
Depôs do trono os poderosos, 
e elevou os humildes. 
Encheu de bens os famintos, 
e despediu vazios os ricos. (Lc 1, 53-54)

Qualquer sociedade sadia se organiza de forma piramidal, há de ser dirigida por elites virtuosas que recebem um mandato dos céus para dominar sobre os povos, corrigir os seus vícios e elevá-los a virtude. Contudo, tal decreto não é irrevogável: quando essas elites se mostram indignas papel que Deus lhes confiou, estas devem ser substituídas. À Providência Divina manifesta nesse rodízio das elites faz referência o Magnificat que lemos no Evangelho de hoje. Nestes tempos, somos governados por elites indignas:  no âmbito da autoridade temporal, uma corja de ladrões; no que diz respeito as autoridades espirituais temos hippies, comunistas, hereges e s0domitas. Mais do que nunca necessitamos que o Senhor manifeste o poder de seu braço, que deponha os poderosos e eleve os humildes, não humilde no sentido vulgar do termo, de um bobão enebriado na subcultura dos párias e shudras, mas humilde no sentido daquele que se submete as leis divinas e sabe que não é mais que um administrador que deve prestar contas ao seu Senhor.

terça-feira, 19 de dezembro de 2023

Heróis


3ª Semana do Advento | Terça-feira
Primeira Leitura (Jz 13,2-7.24-25a)
Responsório Sl 70(71),3-4a.5-6ab.16-17 (R. cf. 8a)
Evangelho (Lc 1,5-25)

A liturgia de hoje narra o nascimento milagroso de dois heróis bíblicos: Sansão e João Batista. Ambos tiveram seu nascimento anunciado pelo anjo, ambos nascidos de mães estéreis. A Sansão coube libertar Israel das mãos dos filisteus, a João Batista foi dada a missão de pregar a penitência e a conversão as restos de Israel e preparar a vinda do Messias. Embora, de fato, todos os homens são chamados a santidade e pela graça de Deus podem realizar obras admiráveis, alguns são especiais: nascem com um destino particular, uma missão; e da fidelidade dos mesmos a tal missão depende a salvação de muitos. Os antigos gregos, ainda que enebriados nas trevas do paganismo, tinham certa intuição a respeito desta realidade: Aquiles e Hércules - heróis de suas histórias - não eram simples humanos, mas semideuses. Os homens são escravos do destino, só com uma força de origem divina é que alguns podem como que transcender as possibilidades humanas e realizar obras grandiosas. Rezemos para que o Senhor envie ao mundo heróis como Sansão e São João Batista. Gente feita como de que um barro especial, pois a situação em que nos metemos não pode ser superada por homens comuns.

quinta-feira, 14 de dezembro de 2023

"[...] o reino dos céus adquire-se à força"


São João da Cruz, presbítero e doutor da Igreja - Memória | Quinta-feira
Primeira Leitura (Is 41,13-20)
Responsório Sl 144(145),1.9.10-11.12-13ab (R. 8)
Evangelho (Mt 11,11-15)
Desde os dias de João Batista até agora, o reino dos céus adquire-se à força, e são os violentos que o arrebatam. (Mt 11, 12)
O reino dos céus não é para b01ol4as! O cristão precisa cultivar um espírito combativo, encontrar uma espécie de espiritualidade de combate, o bushido (caminho do guerreiro). O homem tem tanto mais necessidade disto que a mulher. Infelizmente, a Igreja está ocupada e domesticada pelos poderes do mundo, que fazem de tudo para castrar espiritualmente os fiéis, despojá-los de qualquer virilidade espiritual. Você não vai encontrar o bushido na paróquia da esquina, no catolicismo mainstream. Bom, assim começa a jornada do herói e eis aí tua primeira missão, tornar-te um digno soldado do Senhor Deus dos Exércitos. Uma boa dica é praticar artes marciais, assistir alguns filmes do Bruce Lee e empreender uma jornada intelectual ao antigo oriente, há muita coisa interessante em Sun Tzu e Myamoto Musashi. Contudo, como qualquer história de herói, tal jornada não é isenta de riscos, mas há que se os enfrentar, 

quinta-feira, 7 de dezembro de 2023

Cidade altiva, technoleviatã, ventos e tempestades


Santo Ambrósio, bispo e doutor da Igreja - Memória | Quinta-feira
Primeira Leitura (Is 26,1-6)
Responsório Sl 117(118),1.8-9.19-21.25-27a (R. 26a)
Evangelho (Mt 7,21.24-27)

1.
Ele abate os que habitam no alto, e humilha a cidade altiva; fá-la descer até o pó. (Is 26, 5)
É dito pelo profeta Isaías que Deus humilhará a cidade altiva. Uma vez mais estamos diante de um curioso mistério: como pode uma cidade ser altiva? De algum modo os agrupamentos coletivos humanos adquirem algum tipo de personalidade, de caráter particular. Perdemos a sensibilidade a esse tipo de coisa e a maior parte das cidades nos parecem tediosamente iguais... Embora não saiba dizer se - nesses tempos de degeneração - essa insensibilidade é de todo ruim. ''Essa cidade é uma prostituta...'' canta uma banda alemã, a canção dirigida a Moscou bem poderia se aplicar a tantas cidades hoje com muito mais propriedade.

2. 
É melhor buscar refúgio no Senhor, que confiar nos príncipes. (Sl 117 (118), 9)
É melhor buscar refúgio no Senhor, que buscar nos poderosos deste mundo, canta o salmista. A vulgata usa o termo ''confiar nos príncipes'', o sentido é o mesmo ainda que a redação esteja mais elegante, como é próprio da tradução latina Recentemente alguns despertaram, houve - ao menos no Brasil - uma série de decepções políticas. O homem não deve confiar nos príncipes, nos poderosos, na política, tanto menos na política moderna. E pensar que tantos perderam sua liberdade, saúde e até mesmo a vida para defender líderes inaptos. Qual foi sua recompensa? Nenhuma. Todo o sujeito que agita as massas pedindo concentração de poder para si, sob a vã promessa de construir um mundo melhor devia ser recebido com cuspes na cara. O technoleviatã hobessiano é um máquina infernal que deve ser destruída, é impossível convertê-la a bons propósito.

3. É claro o texto do Evangelho: a tempestade vem para todos!  Ambas as casas sofreram os reveses do vento e as pancadas da chuva, a diferença é que aquela edificada sobre a rocha se manteve de pé, sobre as ruínas da outra. A religião burguesa do bem-estar, que promete uma vida tranquila sem provações é uma mentira. Se não tivermos isso em mente, poderemos cair na inveja e na conduta vacilante de tantos cristãos possessos pela tibieza, que parecem invejar os porcos: os pagãos e mundanos imersos na Matrix da cultura contemporânea. Aos seus olhos míopes parece que não sofrem uma vez que se renderam... Como se desposar prostibrutas e criar bastardos não fosse sofrimento, como se fossem poupados de ter seu patrimônio roubado por tribunais iníquos, como se estivessem imunes as crises econômicas, como se viver sem propósito destruindo o corpo e a alma fosse algo a ser aspirado. Estultos que se deixam ludibriar pelas mentiras do demônio do meio-dia, pela astúcia de Belfegor.

terça-feira, 28 de novembro de 2023

Sonhos, terremotos, fome, peste, guerra e manifestações no céu


34ª Semana do Tempo Comum | Terça-feira
Primeira Leitura (Dn 2,31-45)
Responsório Dn 3,57-59.60-61 (R. cf. 59b)
Evangelho (Lc 21,5-11)

A primeira leitura trata do sonho de Nabucodonosor e sua respectiva interpretação pelo profeta Daniel. No Evangelho, Nosso Senhor Jesus Cristo nos fala de terremotos, pestes, guerras e sinais no céu. Tradicionalmente os povos tem prestado atenção a estes sinais, afim de discernir os desígnios divinos. Hoje não mais...  A teologia liberal nos proíbe de ver em desastres naturais, pestes e guerras uma manifestação da ira de Deus. E pelo risco da associação com práticas mágicas e astrológicas, incutiu-se um medo nos cristãos de esquadrinhar os mistérios do mundo dos sonhos, ou de ver algum significado nos sinais dos céus, é tudo bobagem dizem, são coisas de sua imaginação - dizem. E assim os homens ficam no escuro, sem muitos meios para conhecer o juízo de Deus sobre o tempo em que vivem e seus alertas para o futuro. Não só isso, como procuram Deus onde ele não está, sinais de sua manifestação nas tolices dos universitários e da mídia laica. Quais eram os sinais dos tempos que o desastroso Concílio Vaticano II se propôs a interpretar? Devaneios de acadêmicos afeminados, modas promovidas pela televisão, maquinações políticas de ocasião... O significado da grande guerra que o precedeu foi ignorado, flagelo do comunismo igualmente, para não falar dos sinais no céu como o milagre do Sol em Fátima. Não seja como estes imbeicis, tente - por sua vez - ignorar o noticiário de futilidades, tanto mais fúteis nesse nosso Brasil subdesenvolvido, e as tolices de intelectuais - ainda que ligados ao clero - de espírito afeminado e preste mais atenção aos verdadeiros sinais: a palavra de Deus, as profecias e - com os devidos cuidados - também aos sonhos, aos fenômenos da natureza e e estranhos acontecimentos  no céu. Ter um diário para anotar sonhos marcantes (sobretudo aqueles que se repetem) e estranhos fenômenos naturais pode ser uma boa ferramenta. E não tenha pressa em extrair deles um significado, talvez você não consiga e precise aguardar até que surja um profeta como Daniel para fazê-lo.

sexta-feira, 17 de novembro de 2023

"Os céus publicam a glória de Deus"


32ª Semana do Tempo Comum | Sexa-feira
Primeira Leitura (Sb 13,1-9)
Responsório Sl 18A(19),2-3.4-5 (R. 2a)
Evangelho (Lc 17,26-37)


Na primeira leitura de hoje, o livro da Sabedoria repreende e escusa os pagãos ao mesmo tempo. Os repreende porque se encantaram com as criaturas e esqueceram seu criador, cultuaram o sol, a lua, a água, o fogo e as estrelas e não Aquele que os formou. Contudo, de alguma forma os escusa, tece um tímido louvor aos mesmos pois, ao menos examinaram as obras de Deus. Hoje nem isso fazem os homens. Não fosse o anúncio da Igreja a maioria sequer conceberia a Deus, simplesmente porque não ergue os olhos aos céus. O Mito da Caverna de Platão traz consigo muitas interpretações simbólicas, mas pensemos em sua concretude última: os prisioneiros viviam presos em uma caverna, observando sombras; aquele que escapou pode contemplar, ainda que com dificuldades, a luz do Sol. A civilização humana escolheu um caminho de desenvolvimento que o aliena da Criação, construiu uma espécie de casulo, uma tecnosfera, que aparta do mundo natural. Não precisa ser assim, a tecnologia pode avançar em harmonia com as outras criaturas, pode se desenvolver no sentido de proporcionar aos homens um maior contato com as obras de Deus, pensemos - por exemplo - nos submarinos, um caminho tecnológico que permite aos filhos de Adão vislumbrar as profundezas do Oceano, coisa que de só conseguiríamos de outro modo por um milagre da graça. <Os céus publicam a glória de Deus, e o firmamento a obra das suas mãos. (Sl 18A (19), 2)> - mas na tragédia desse tempo, os homens não mais levantam seus olhos aos céus. 

Kyrie eleison.

quarta-feira, 1 de novembro de 2023

"Esforçai-vos por entrar pela porta estreita"


30ª Semana do Tempo Comum | Quarta-feira
Primeira Leitura (Rm 8,26-30)
Responsório Sl 12(13),4-5.6 (R. 6a)
Evangelho (Lc 13,22-30)
Esforçai-vos por entrar pela porta estreita, porque vos digo que muitos procurarão entrar, e não conseguirão. (Lc 13, 24)

A religiosidade burguesa é a antítese disso. É o espírito redondo da poltronice preguiçosa, não quer renunciar ao mundo e suas vaidades, não quer lutar contra as paixões da carne, não quer sequer lutar contra o demônio a renunciar aos cultos idolatras. Pode festa pagã, culto sincrético, pode quebrar o jejum, pode fornicar, pode ter inveja, fazer fofoca, empanturra-se na comida, embriagar-se.... Que esforço há? Nenhum! Mas julga tal criatura que ouvirá o som da última trombeta, que estará junto daqueles que resistiram ao pecado até derramar o próprio sangue. Faz-me rir.  A vida espiritual semelhante a musculação: se não está doendo, você está fazendo errado. Já dizia São Leonardo de Porto Maurício em seu clássico e aterrorizante sermão: é pequeno o número daqueles que se salvam; esforçai-vos por estar entre esta seleta minoria.

quinta-feira, 26 de outubro de 2023

Separação


29ª Semana do Tempo Comum | Quinta-feira
Primeira Leitura (Rm 6,19-23)
Salmo Responsorial Sl 1,1-2.3.4 e 6 (R. Sl 39,5a)
Evangelho (Lc 12,49-53)

Julgais que vim trazer a paz à terra? Não, vos digo eu, mas separação [...]. (Lc 12, 51)
Há na sociedade maçônica um culto a unidade. A unidade só é desejável na verdade, fora disso trata-se de uma tirania. A confusão das línguas não foi obra do demônio, mas manifestação da destra de Deus, um castigo aos homens orgulhosos. Também Cristo vem ao mundo para trazer a separação, separar os santos do mundo, o homem do pecado. Separação, divisão, fragmentação; consegue saborear estas palavras? Trata-se da tônica deste século, o sinal dos tempos. É preciso que venha a divisão, para que os bons não sejam arrastados ao lago de fogo e enxofre, é preciso que haja fragmentação para que existam caminhos de liberdade, becos de sanidade, rotas de fuga desta sociedade iníqua. Aquele que trás a unidade, a república universal, o governo global, é o Anti-Cristo.

quarta-feira, 25 de outubro de 2023

Armas de Justiça


Santo Antônio de Sant'Ana Galvão - Memória | Quarta-feira 
Primeira Leitura (Rm 6,12-18) 
Responsório Sl 123(124),1-3.4-6.7-8 (R. 8a) 
Evangelho (Lc 12,39-48) 

1.

Não reine, pois, o pecado no vosso corpo mortal, de maneira que obedeçais às suas concupiscências. Não entregais ao pecado os vossos membros, quais armas de iniquidade, mas oferecei-vos a Deus, como vivos, depois de ter estado mortos, e vossos membros a Deus como armas de justiça. (Rm 7, 12-13) 
Tal qual água parada se torna criadouro do mosquito da dengue, também um corpo parado, apoltronado na preguiça, tende a se tornar fonte de concupiscência. A disciplina corporal fez parte da vida de todos os santos. Nos tempos antigos as ferramentas eram o jejum, a vigília e o cilício. Ainda o são, sobretudo para religiosos e sacerdotes. Ao leigo, contudo, costuma-se se recomendar o trabalho e desporto. Treine e discipline seu corpo, faça de seus membros armas da justiça. 

2. No Evangelho de hoje  nos é dito que servo que procedeu mal, conhecendo a vontade de seu senhor, levará muitos açoites. Aquele, porém, que também procedeu mal, mas desconhecia a vontade de seu senhor levará poucos açoites. Ainda assim, será açoitado e castigado. Há no Brasil certo culto a ignorância, como se ela o escusasse do cumprimento de certos deveres. Não é assim. Também o ignorante que proceder mal será castigado. Com menos rigidez talvez, mas tenho certeza que os açoites devem doer de qualquer jeito. Devemos aspirar não a ignorância mas a sabedoria, e obtendo a sabedoria devemos agir de maneira digna dela. A preguiça, o culto a ignorância e a mediocridade não nos levarão ao céu.

sexta-feira, 20 de outubro de 2023

Nada há escondido que não venha a saber-se


28ª Semana do Tempo Comum | Sexta-feira
Primeira Leitura (Rm 4,1-8)
Responsório Sl 31(32),1-2.5.11 (R. cf. 7)
Evangelho (Lc 12,1-7)

Nada há de oculto que não venha a descobrir-se, e nada há escondido que não venha a saber-se. Por isso as coisas que dissestes nas trevas, serão ouvidas ás claras, e o que falastes ao ouvido no gabinete, será apregoado sobre os telhados. (Lc 12,  2-3)

A arte mortuária egípcia, ocultada pelas areias do tempo no deserto, foi posta a luz e exposta aos homens de todo o mundo. As intrigas e conspirações dos hereges infiltrados no Vaticano, estão de tal maneira visíveis que é difícil manter a ignorância senão com um criminoso ato da vontade e a mutilação da própria consciência. De Howard Carter, arqueólogo inglês que trouxe a luz o túmulo do Faraó Tutancâmon a Julian Assange hacker ativista que revelou os crimes de guerra dos EUA e as torturas de Guantánamo, todo aquele que traz a luz antigos segredos está de alguma forma servindo a Providência, ainda que não o saiba. Também hoje, em tempos de guerra, muitos "quebram o código da Matrix" e desmontam as narrativas mentirosas das potências assassinas. Se o tempo por si mesmo revela traços da verdade, que se dirá do Dia do Juízo, onde todo o sentido da história e até mesmo a ação angélica será postas as claras. Rezemos hoje por aqueles homens que fazem destes versículos o lema sua vida, rezemos pela salvação e segurança de Julian Assange que neste momento provavelmente está sendo MKultrado em algum porão da CIA.

segunda-feira, 16 de outubro de 2023

Desigualdade entre os tempos



28ª Semana do Tempo Comum | Segunda-feira
Primeira Leitura (Rm 1,1-7)
Salmo Responsorial Sl 97(98),1.2-3ab.3cd-4 (R. 2a)
Evangelho (Lc 11,29-32)

A rainha do meio-dia se levantará no dia do juízo para condenar os homens desta geração, porque ela veio dos confins da terra ouvir a sabedoria de Salomão! Ora, aqui está quem é mais que Salomão. Os ninivitas se levantarão no dia do juízo para condenar os homens desta geração, porque fizeram penitência com a pregação de Jonas. Ora, aqui está quem é mais do que Jonas. (Lc 11, 31-32)

Assim como não há igualdade entre os homens, não há entre os tempos. Há momentos únicos na história que não se repetem, há tempos superiores e inferiores que exigem um comportamento condigno. Aí está quem é mais do que Jonas, aí está quem é mais do que Salomão, muitos sábios e profetas desejaram ver o que vós vedes e não viram, ouvir o que ouvides e não ouviram... A história não é monótona e não dispensa o discernimento. Erram os que sonham com uma eternização do presente, ou ainda do passado, e tal erro não será condenado apenas por Deus, como pelos próprios homens de diversos quando.

quarta-feira, 11 de outubro de 2023

A ira e o amor de Deus manifestos na natureza


27ª Semana do Tempo Comum | Quarta-feira
Primeira Leitura (Jn 4,1-11)
Responsório Sl 85(86),3-4.5-6.9-10 (R. 15b)
Evangelho (Lc 11,1-4)



1. Deus fez crescer um rícino - que no Brasil conhecemos por mamona - para fazer sombra a Jonas. No dia seguinte, porém, enviou um verme que atacou a raiz (seria um nematoide?) e a árvore secou. Também fez soprar um vento ardente do Oriente e intensificou o brilho do sol. O calor era tamanho que Jonas desejou a morte. Deus pode manipular o clima para castigar os homens, se assim o quiser. Enviar tempestades, fazer perecer a vegetação, intensificar o calor, enviar vermes, gafanhotos e tantas outras pragas. Mais do que o carbono, talvez o grande catalizador das mudanças climáticas sejam os pecados dos homens, uma transição energética renováveis - que é até uma ideia interessante - não será suficiente para livrar os homens das intempéries climáticas, o que o mundo precisa é de penitência e oração.

2. 
E, então, não hei de ter compaixão da grande cidade de Nínive, onde há mais de cento e vinte mil seres humanos, que não sabem discernir entre a sua mão direta e a sua mão esquerda, e uma inumerável multidão de animais:? (Jn 4,11)

Se a animolatria -  a adoração dos animais - é um erro, seu desprezo é outro. Deus menciona, no final do livro de Jonas, uma multidão de animais em Nínive, como objetos de sua compaixão. Elenca o Ritual Romano a crueldade para com os animais como um dos sinais de possessão demoníaca. Deus ama a sua criação, quiçá possamos ver também um sinal do amor de Deus em tantas de suas belas criaturas, como fez São Francisco de Assis.

segunda-feira, 9 de outubro de 2023

Dos mistérios associados ás águas profundas


27ª Semana do Tempo Comum | Segunda-feira
Primeira Leitura (Jn 1,1–2,1.11)
Responsório Jn 2,2.3.4.5.8 (R. 7c)
Evangelho (Lc 10,25-37)


1. Jonas intentava fugir da face do Senhor, e uma terrível tempestade se abateu sob o navio onde estava ameaçando de morte todos os seus companheiros. Quando um homem chamado por Deus tenta fugir de sua missão, o mesmo atraí maldições não só para si mas para todos aqueles que o cercam. Que os homens de Deus abracem seu chamado é uma exigência para o bem comum, cabe fazermos o possível para que encorajá-los, senão por caridade, ao menos por temor do que nos há de acontecer...


2. Afim de aplacar a ira do Senhor, os marinheiros jogaram o homem ao mar. Jonas foi devorado por um grande peixe, possivelmente uma baleia (sim eu sei que a baleia é um mamífero, mas não espere assim tanto rigor taxonômico por parte do autor sagrado) onde passou três dias e três noites em penitência. Creio que o drama da situação possa ter obnubilado a estética da mesma, contudo que esplêndido e confuso cenário não terá sido o interior daquela criatura? Três dias e três montes nas entranhas daquele peixe, observando os tecidos, o estranho movimento das paredes, a pressão das profundezas. Ainda hoje são as águas um grande mistério, se diz que conhece mais a humanidade a lua que as profundezas do Oceano. Que espécie de criaturas terríveis e esplendorosas ali não habitariam, que tipo de segredos não estariam ocultos? Os tesouros dos antigos, as ruínas de Atlântida, o grande Leviatham.... Aliás, foi nas águas que os pescadores encontraram a imagem da Virgem Negra, Nossa Senhora Aparecida (abaixo uma bela imagem do Aquário de Aparecida). Creio ser oportuno alimentar uma saudável curiosidade e temor para com o reino subaquático, que tesouros naturais e sobrenaturais, quantos mistérios ocultos  não esperam corajosos aventureiros? Mas, é claro, há que se tomar cuidado para não ser seduzido pelas sereias ou sacrificado pelo culto de Dagon (se entenda como uma metáfora, claro que os monstros lovecraftianos não existem na vida real, mas outros tipos de demônios e cultos podem estar associados ao oceano, e cabe se precaver contra eles).



sexta-feira, 6 de outubro de 2023

A cidade sob uma perspectiva teológica


26ª Semana do Tempo Comum | Sexta-feira
Primeira Leitura (Br 1,15-22)
Responsório Sl 78(79),1-2.3-5.8.9 (R. 9b)
Evangelho (Lc 10,13-16)

1. No evangelho de hoje, Nosso Senhor Jesus Cristo repreende as cidades de Betsaida, Corazim e Cafarnaum por não o terem se convertido ante tão estrondosos milagres nelas manifesto. Aí se deve entender tais cidades em toda a sua concretude histórico-geográfica. Não apenas as pessoas, mas também os lugares tem uma personalidade própria e um papel no plano da salvação. Cada cidade é guardada por um Arcanjo Custódio e será sujeita de algum modo ao julgamento no fim dos tempos. Pergunto ao leitor, como é a cidade onde mora? Conhece ele sua história, suas características peculiares, o ethos que lhe é próprio? No dia do juízo, será ela elevada os céus ou precipitada no inferno? Os integralistas falam muito sobre o conceito de municipalismo, para além de uma perspectiva política e administrativa, pensemos nisto, porém, desde uma abordagem teológica. Sejamos de alguma forma ''municipalistas'' conscientes da história da cidade em que nascemos, das cidades onde moramos e, de algum modo, procuremos colaborar em sua edificação espiritual, para que não sejam alvos de reprimendas no dia do juízo.

2. Ainda que não conste nas leituras de hoje, cabe recordar o episódio de Sodoma e Gomorra afim de aprofundar nossa reflexão. Tais cidades foram destruídas, ao mesmo tempo Lot foi poupado. Vemos nessa passagem bíblica tanto a força das agremiações coletivas, como quase todos os cidadãos se tornaram um com a cidade e participantes de seu pecado, quanto a força da personalidade individual, como Lot apartou-se de tudo isso e manteve-se íntegro. Mas se Lot foi justo, o mesmo não se pode dizer de sua família: sua esposa se apegou a Sodoma e foi transformada em uma estátua de sal, suas filhas o embriagaram e praticaram incesto com mesmo, dando a luz a nações abomináveis. Cuidado com o lugar onde habitas e os lugares que frequenta, há um velho ditado segundo o qual: os chiqueiros fazem os porcos. Ainda que consiga manter a integridade de forma heroica, se poderá dizer o mesmo daqueles que ama e que o acompanham?

3.  Por fim, convido o leitor a dirigir sua atenção a  prosperidade de cidades-estado como Singapura e Hong Kong, de algum modo é uma mostra dos caracteres funcionais do municipalismo levados as últimas consequências: a capacidade de pequenos centros se desenvolverem e projetarem internacionalmente, ao mesmo tempo em que são capazes de proporcionar beleza e qualidade de vida aos seus moradores (ao lado uma bela foto do aeroporto de Singapura). Mas claro, nem tudo é tão simples, estas belas cidades soberanas dependem de algum ente maior para lhes proporcionar proteção militar e a ausência ou enfraquecimento desta, pode proporcionar o fim de sua soberania, como está a acontecer com Hong Kong a ser devorada pela China. Ainda assim, é interessante considerar essas formas de organização, tão estranhas a burocracia federativa herdada da ditadura de Getúlio Vargas -  ditadura esta que chegou a proibir as bandeiras estaduais - e considera como uma ofensa toda a afirmação de caracteres locais para fora daquelas zonas consideradas ''oprimidas''. Aos coitadinhos se tolera que desenvolvam uma cultura local, aos fortes porém é intolerável! É uma ofensa tremenda, é racismo, fascismo ou seja lá que outro adjetivo calunioso queira inventar a esquerda que se apropriou das estruturas do Estado no Brasil. 



sexta-feira, 29 de setembro de 2023

Da devoção aos santos anjos a espiritualidade de combate

A cultura burguesa acabou por domesticar no imaginário dos homens a figura dos anjos. Os anjos são criaturas terrivelmente poderosas e de natureza em muito superior as nossas, tanto que se os mesmos não utilizam de um invólucro, um avatar humano, mas se revelam tal como são, não podemos sequer apreender sua forma, nosso ''processador'' não consegue inteligir sua figura e - tal qual um computador antigo tentando processar gráficos de alta definição de um jogo recente - acabamos vendo uma imagem como que distorcida e estranha, tal qual as descrições veterotestamentárias.

Outra coisa que as representações destas criaturas como bebezinhos barrocos nos fazem olvidar é a personalidade dos mesmos, a absoluta consciência que tem de sua dignidade a ponto de não deixar passar a mínima ofensa. São Gabriel ante a incredulidade de Zacariais o castigou com a mudez. São Miguel ante a hesitação de Santo Auberto por atender seus pedidos lhe perfurou o crânio com um simples toque. Há ainda a passagem do anjo exterminador que veio tomar a vida de todos primogênitos do Egito. 

Tenham nos lábios o louvor de Deus,
e nas mãos a espada de dois gumes,
para tirar vingança das nações pagãs, e impor castigos aos povos;
para lançar em ferros os seus reis,
e por em algemas os seus príncipes,
executando contra eles o julgamento pronunciado.
Tal é a glória reservada a todos os seus fiéis . (Sl 149, 6-9)

Quão brutal não terá sido o combate de tais criaturas extraordinárias contra os malditos demônios?

A inclinação dos anjos ao combate aparece ainda também no livro do Gênesis, onde um deles toma a forma humana e vai lutar com Jacó, numa das primeiras lutas desportivas da história. E mesmo não passando de uma brincadeira para tão formidável criatura, como um pai brincando de lutinha com seus filhos, ele feriu o coxa do grande patriarca, deixando o mesmo manco por toda a vida. 

O mínimo que se deve esperar de alguém que tenha verdadeira devoção as milícias angélicas é um espírito combativo. Vivemos em uma guerra, uma guerra total de natureza espiritual, cultural, política e não raro também física. Poucas vezes na história a delimitação das fronteiras entre os exércitos de Deus e do inferno estiveram tão claras. O inferno hoje combate sob liderança de Baphomet, o demônio andrógino, e capitaneado por Asmodeu, "rei de Sodoma" -  assim como as nações cristãs são guardadas por arcanjos as que caíram sob o domínio do inferno são capitaneadas por demônios de mesma hierarquia - . Não há alternativa ao combate senão a rendição e aqueles que se renderem serão levados cativos como escravos pelo inferno.

Sancte Michael Archangele, defende nos in praelio

Esteja você, caro leitor, preparado para o combate. O combate contra o demônio, o mundo e a carne, o combate contra o (seu) desemprego, contra a miséria, contra a preguiça, o sedentarismo, a obesidade e a poltronice, o combate contra esta cultura iníqua suja e pornográfica que procura lhe influenciar, o combate contra aqueles que procuram pilhar seu patrimônio, a guerra cultural contra os comunistas e as bruxas (feministas), o combate da fé contra os hereges, sobretudo aqueles infiltrados dentro da Igreja. Desenvolva uma espiritualidade de combate, percorra o bushido, o caminho do guerreiro, seja um soldado de Deus.

segunda-feira, 18 de setembro de 2023

Distinção


24ª Semana do Tempo Comum | Segunda-feira
Primeira Leitura (1Tm 2,1-8)
Responsório Sl 27(28),2.7.8-9 (R. 6)
Evangelho (Lc 7,1-10)


1. Cristo manda os apóstolos irem pregar primeiro aos restos de Israel. Se os israelitas tem o privilégio da presença humana de Cristo e seu apostolado público, as nações pagãs só dele ouvirão falar depois da sua Ressurreição. Duas vezes, contudo, os pagãos se aproximam de Jesus. A primeira é lembrada de sua condição com uma das mais duras respostas do Evangelho: "Não convém tirar o pão dos filhos para dá-los aos cães". O centurião [do Evangelho de hoje], contudo, se mostra tanto mais ciente de sua condição: ele não se dirige diretamente a Jesus mas pede a intercessão de anciãos judeus, e mereceu essa intercessão por antigos favores prestados a religião. Há uma hierarquia sagrada, uma ordem na caridade. O filho primogênito tem justos privilégios, a nação santa, os irmãos.... O igualitarismo e a o universalismo fazem tábula rasa de todas essas distinções, abstraem e ignoram aquilo que o Deus encarnado não ignorou. Não se deveria. Quem trata estranhos da mesma forma que trata os irmãos, desonra os irmãos. Claro que a todos se deve fazer o bem, mas um pai de família que mima os garotos de rua e descuida da educação de seus filhos não pode ser louvado como virtuoso. Um marido que mais atenção desse as mulheres da rua que a própria esposa seria um canalha. O mesmo se diz dos pastores da Igreja: se antes se dedicam a servir ao mundo que aos cristãos, não são pastores mas mercenários. Uma coisa é sair para buscar a ovelha perdida, outra é tratar os animais selvagens com mais zelo que o próprio rebanho. A humildade do centurião é a consciência do próprio estado, de alguém que se fez distante do reino, do um estrangeiro, daquele que não é filho e portanto todo o favor que recebe é imerecido. Há situações na vida em que estaremos neste tipo de situação, em que não estaremos ante familiares e amigos, mas ante pessoas distantes aos quais não podemos reclamar nenhum direito. Estes nada nos devem e se quisermos receber algo dos mesmos, devemos portar-nos com humildade e gratidão.

2. A intercessão dos anciãos judeus também nos aponta para a intercessão dos santos. Quando não estamos próximos o suficiente de Deus, devemos recorrer a amigos em comum, aqueles que podem dizer algo em nosso favor.

sexta-feira, 15 de setembro de 2023

Junto à Cruz


Nossa Senhora das Dores - Memória | Sexta-feira
Primeira Leitura (Hb 5,7-9)
Responsório Sl 30(31),2-3a.3bc-4.5-6.15-16.20 (R. 17b)
Evangelho (Jo 19,25-27)

Junto à cruz de Jesus estavam de pé a sua mãe, a irmã de sua mãe, Maria, mulher de Cleófas, e Maria Madalena. (Jo 19, 25)

Nossa Senhora estava de pé junto a cruz. Uma das obras de misericórdia é visitar os encarcerados, bem aventurados os perseguidos por causa da justiça. Hoje há muitos vitimados pelos tiranos, condenados a penas cruéis, tendo a vida destruída sem que tenham praticado nenhum mal. Muitos cristãos, no entanto, preferem zombar deles, repetindo as máximas do mundo. Se não há como auxiliá-los, ao menos se devia rezar por eles e evitar tomar parte no coro dos escarnecedores. Tudo que fizestes a um desses pequeninos, foi a mim que fizestes - dirá o Senhor no Dia do Juízo.

Devemos tentar imitar a Santíssima Virgem e as santas mulheres, devemos estar junto de Cristo na Cruz para consolá-lo, seja desagravando seu sacratíssimo coração por meio de súplicas e orações diante do Santíssimo Sacramento, seja estando ao lado de nossos irmãos e praticando a caridade para com aqueles que sofrem injustamente perseguições por parte dos tiranos e comunistas.
Na guerra, de pouco serviria a coragem dos soldados que enfrentam o inimigo, se não houvesse outros que, sem tomarem aparentemente parte na batalha, proporcionam munições e alimentos e remédios aos guerreiros...

- Sem a oração e sem o sacrifício de tantas almas, não haverá verdadeiro apostolado de ação. (Forja, 664)

terça-feira, 5 de setembro de 2023

Vigilância


22ª Semana do Tempo Comum | Terça-feira
Primeira Leitura (1Ts 5,1-6.9-11)
Responsório Sl 26(27),1.4.13-14 (R. 13)
Evangelho (Lc 4,31-37)

1.
“Pernoctans in oratione Dei” - passou a noite em oração. - É o que São Lucas nos diz do Senhor. Tu, quantas vezes perseveraste assim? - Então... (Caminho, 104)

A vigília noturna aponta a vigília do espírito, ao estar desperto e atento aos sinais, tanto da Parusia, o Retorno de Nosso Senhor Jesus Cristo, quanto aos sinais da ira de Deus: os castigos que envia aos homens afim de que se emedem. Mas, não basta entendermos isso de forma superficial e abstrata, precisamos experimentar isso, de modo que a experiência abra nossa mente a novas categorias de entendimento, assim a vigília real deve ser praticada concretamente. 

2.
Quando (os ímpios) disserem: "Paz e segurança" - então lhes sobrevirá uma destruição repentina, como as dores a uma mulher grávida, e não escaparão. (1Ts 5, 3)
 É notável como os ímpios atualmente vivem como que ébrios, incapazes de notar o óbvio: a decadência de sua civilização iníqua. Por todo lado há sinais de que as coisas não vão bem, indícios de que tudo vai terminar em desastre, mas eles julgam que tudo ficará bem, que sempre haverá paz e segurança, ainda que se escute ao longe o trotar dos quatro cavaleiros. Na metáfora do filme Matrix, escolheram a pílula azul. Não aspiremos o mesmo destino, pois, por mais que no momento eles pareçam gozar da tranquilidade da ignorância, o dia do castigo e as consequências desastrosas de uma vida pecaminosa os surpreenderá como um ladrão. Cultivemos pois a vigilância e nos preparemos para o pior. Como se dá essa preparação? Em primeiro lugar na alma procurando se em estado de graça, mas não só: aprender a operar com Bitcoin e outras tecnologias alternativas, treinar o corpo para situações extremas, planejar rotas de fuga, construir uma reserva de emergência, manter backups e montar EDC's podem ser práticas prudentes. Parece exagero? Pense nos ucranianos que do dia para noite se viram imersos em uma guerra terrível, aqueles que se prepararam puderam deixar o país, lutar na guerra se tornou uma escolha não um fardo. Já tantos outros, estão reféns do atual presidente, e são obrigados a lutar ainda que não o queiram. Pense nos argentinos e venezuelanos condenados a miséria pela loucura de líderes inaptos. 

sábado, 2 de setembro de 2023

Capitalismo Sagrado (?)



21ª Semana do Tempo Comum | Sábado
Primeira Leitura (1Ts 4,9-11)
Responsório Sl 97(98),1.7-8.9 (R. 9)
Evangelho (Mt 25,14-30)

A parábola dos talentos devia ser saboreada aos poucos, como um salutar remédio a tantos católicos que tem traumas para com a economia de mercado. Está ali a desigualdade (um recebeu cinco talentos, outro dois, outro um), a obrigação de mutiplicar as riquezas e o recurso aos banqueiros (e ao investimentos de baixo risco) ao invés de enterrar o dinheiro para este ser corroido pela inflação.

E do material se sobe ao espiritual onde também há desigualdade e obrigação de multiplicar os dons espirituais. Aquele que não tem a engenhosidade para fazê-lo, devia colocar-se sobre a direção de outrém ("os banqueiros", seriam mestres espirituais e diretores de obras pias) afim de ao menos produzir alguns juros. A preguiça ainda é um pecado capital.

Há um mecanismo de seleção providencial. O vencedor leva tudo. O fantasma da derrota, do fracasso, está presente não só no capitalismo, mas também na religião. A diferença que os que perdem nesta não são privados de bens materiais mas da presença de Deus, e não são condenados a miséria mas as torturas so inferno. E se os probres são objeto da caridade dos santos, os condenados não. Tente conseguir sucesso no capitalismo, mas se não conseguir tudo bem. Salve sua alma, pois se não conseguir, tudo está perdido.

sexta-feira, 1 de setembro de 2023

Dez Virgens


21ª Semana do Tempo Comum | Sexta-feira
Primeira Leitura (1Ts 4,1-8)
Responsório Sl 96(97),1 e 2b.5-6.10.11-12 (R. 12a)
Evangelho (Mt 25,1-13)

Na primeira leitura, o apóstolo fala sobre os pecados da luxúria, a impudicícia, e alerta aos fiéis para não viverem entregue as paixões desregradas como os gentios. E aquele que despreza esse ensinamento não despreza um homem, mas despreza a Deus. No salmo é dito que Deus ama os que odeiam o mal. O Evangelho trata da parábola das dez virgens. Porém, numa iníqua concessão as costumes deste século imundo, na contramão do que ensina a primeira leitura, substituem os modernistas "virgens" por "jovens" em uma tradução absolutamente inadequada. Na parábola haviam dez virgens, haverá em nossas paróquias ao menos três? Século maldito, do qual fomos avisados em La Salette, onde o próprio clero - uma cloaca de impurezas - é cúmplice dos pecados do povo. Se cinco das dez virgens encontraram fechadas as portas do reino, acaso terá mais sorte essa geração de prostitutas? Se não chorarmos nossos pecados, se não odiamos o mal que praticamos, mas antes os escusamos e minimizamos, não estamos aptos sequer ao início da parábola. Não há como falar de prudência no meretrício.

quarta-feira, 23 de agosto de 2023

Apostolado do Medo

O Inferno de Dante, as pinturas de Hieronymus Bosch, o Dies Irae de Amadeus Mozart, a aterrorizante máscara do médico de Peste, o gore - a violência gráfica - das torturas sofridas pelos mártires (retratadas nas catedrais e detalhadamente descrita no martirológio romano), a indescritível aparência - quase lovecraftiana - dos anjos veterotestamentários, as terríveis profecias acerca do fim dos tempos, a veneração aos cadáveres dos bem-aventurados, a crudelíssima tortura da cruz; o mistério do terror, o apostolado do medo sempre fizeram parte da pedagogia da Igreja. O mundo é um lugar cruel e ameaçador, a espada Dâmocles paira sobre nossas cabeças, revestindo nossa existência de gravidade e tensão. Contemple a face do medo, não desvie o olhar, os abismos da maldade humana, toda dor que nossos mártires tiveram de suportar, afim de escapar das penas terríveis do inferno. Aprecie o terror que as formas angélicas inspiram, experimente a desolação ante os abismos da onipotência divina e, compreenda, pobre verme, que não és nada senão pó da terra.

Os protestantes de outrora se incomodavam com esse aspecto um tanto quanto mórbido do catolicismo tradicional, a Família Adams é uma expressão cartunesca da forma que uma família católica era vista desde olhos dos hereges. Infelizmente, esse caipirismo religioso, esse bo1olismo espiritual se infiltrou em meios católicos. A contemplação do horror é necessária para se ter uma dimensão do real, o temor de Deus é o princípio de toda a sabedoria, se não é o homem capaz de contemplar o sofrimento e experimentar - ainda que imaginativamente - o terror, como pode ele defender e a Igreja dos ataques do inferno?

Criei este espaço afim de dizer aquilo que não é dito, de contrariar o senso comum da cultura liberal-mundana. Se está aqui, meu irmão, escute minha mensagem: cultive o medo, o horror, fique noites sem dormir, trema ao pensar no inferno, na besta e no Anti-Cristo, no juízo de Deus Altíssimo; então será capaz de viver uma existência responsável; ao contrário, viva despreocupadamente, mergulhado em poltronice burguesa, como se a vida fosse um grande pagode, e terminará sendo o entretenimento dos demônios.


*Apesar de ter citado Mozart no corpo do texto, preferi incorporar na postagem a versão de Giussepe Verdi do Diaes Irae.

quinta-feira, 3 de agosto de 2023

Quão amável é a tua morada, Senhor dos exércitos!


17ª Semana do Tempo Comum | Quinta-feira
Primeira Leitura (Êx 40,16-21.34-38)
Responsório Sl 83(84),3.4.5-6a e 8a.11 (R. 2)
Evangelho (Mt 13,47-53)


1. Nos quarenta anos de êxodo, Israel habitava em tendas. no deserto Havia toda uma complexa estrutura tecnológica [ainda que primitiva] montada para permitir a vida e o culto divino nesta vida nômade. Hoje temos tecnologias tanto mais refinadas, mas ainda não aplicamos o potencial das mesmas ao nomadismo. Seria possível instalar confessionários em vãs, catedrais em aviões, vending machines em ônibus, laboratórios em apartamentos e até mesmo uma nação dentro de um navio (a Jangada de Snow Crash). Podemos compactar grandes estruturas de forma funcional em pequenos espaços, apenas falta um porquê. Carl Sagan especula sobre a criação de uma complexa civilização dentro de naves espaciais intergeracionais, afim de possibilitar a exploração e colonização espacial. Não é empolgante?

2. 
Quão amável é a tua morada, Senhor dos exércitos! (Sl 83(84), 2)
Em sua peste pacifista e tendo em vista a castração espiritual dos fiéis, alteraram os modernistas as escrituras, substituindo a expressão "Senhor dos Exércitos" por "Deus do Universo", tal adulteração perversa acaba por obscurecer uma importante realidade da fé: o combate espiritual.  Por mais que a mitologia pagã tenha seja uma corrupção demoníaca da religião adâmica, há um longínquo eco de verdade na ideia de Valhala: o céu é para guerreiros, só quem tomou parte no combate espiritual, tão somente os soldados do Senhor Deus dos Exércitos, poderão gozar de sua presença. O céu não é para covardes e boiolas.

3.
Ele disse-lhes: "Por isso todo escriba instruído nas coisas do reino dos céus é semelhante a um pai de família, que tira dos seus tesouros coisas novas e velhas! (Mt 14,52)
Os (malditos) modernistas não entenderam este versículo, na verdade foram - por sua vaidade - como que estupidificados pelo Diabo. Primeiro pensaram que deveriam abandonar as ''coisas velhas'' para abraçar às novas, quando há no tesouro lugar suficiente para ambas. Segundo que suas supostas novidades não eram realmente novas, mas apenas as velhas heresias refinadas com uma verborragia acadêmica. A novidade está, pois, na tecnologia e nos segredos do cosmos, na ampliação dos meios de ação do homem e na possibilidade de explorar novas paisagens, não na tolice de intelectuais europeus efeminados criados no cativeiro das universidades. 

segunda-feira, 31 de julho de 2023

"[...] tu sabes quanto este povo é inclinado para o mal"


17ª Semana do Tempo Comum | Segunda-feira 
Primeira Leitura (Êx 32,15-24.30-34) 
Responsório Sl 105(106),19-20.21-22.23 (R. 1a) 
Evangelho (Mt 13,31-35) 


Ensina Mêncio - sábio chinês - que você só está apto a aconselhar alguém se o despreza[1]. Se isto vale para reis a imperadores, tanto mais para este gigante estúpido e informe a que chamam povo. Vemos, pois, no livro do Êxodo, o que acontece quando o líder é fraco e se deixa levar pelas fantasias da comunidade ao invés de ater-se aos desígnios de Deus. Aarão deu ouvidos ao clamor popular e construiu um bezerro de ouro para eles, e assim aos pés do Horeb entre danças e cantos se tinha estabelecido um culto idólatra, uma abominação criada por aqueles homens estultos. Felizmente havia Moisés que ao retornar do monte com Josué pois ordem na casa ao fio da espada. Que Deus nos livre dos líderes fracos que deixam-se conduzir pelo povo ao invés de conduzi-lo. Que o Senhor nos dê homens como Moisés, que sejam consumidos pelo zelo de sua casa. 


[1] Disse Mêncio: ―Aqueles que aconselham os grandes devem desprezá-los e não se deixarem deslumbrar por sua pompa e exibição. Salões que tem uma altura desmedida, com vigas que ressaltam, se se realizassem meus desejos, eu não teria salões assim. Alimentos servidos à minha frente em salas descomunais e servidores e concubinas às centenas, se meus desejos se realizassem, eu não teria essas coisas. Prazer e vinho e excursões venatórias, com milhares de carruagens que me seguissem se meus desejos se realizassem, eu não os teria. Nada teria eu a fazer com aquilo que os outros apreciam. O que eu aprecio é a lei dos antigos. Por que hei de temê-las?

segunda-feira, 24 de julho de 2023

"O Senhor endureceu o coração do Faraó"


16ª Semana do Tempo Comum | Segunda-feira
Primeira Leitura (Êx 14,5-18)
Responsório Êx 15,1-2.3-4.5-6 (R. 1a)
Evangelho (Mt 12,38-42)

1.
O Senhor endureceu o coração do Faraó, rei do Egito, que foi no alcance dos filhos de Israel. Mas eles tinham saído debaixo da proteção duma poderosa mão. (Ex 14, 8) 

Deus endureceu o coração do Faraó e o rei o do Egito perseverou em sua estupidez até que foi precipitado nos abismos, junto de seus carros e cavalheiros. Algo semelhante parece estar acontecendo nesta era: a estupidez dos mundanos e hereges - sobretudo aqueles hereges que parasitam as estruturas eclesiais - é tamanha, sua pulsão por autodestruição tão intensa, não há outro caminho no horizonte ocidental se não o caos, o abismo, a destruição criativa.

2. 
Os habitantes de Nínive se levantarão no dia do juízo contra esta geração, e a condenarão, porque fizeram penitência a pregação de Jonas. Ora aqui está quem é maior que Jonas. A rainha do meio-dia levantar-se-á no dia do juízo contra esta geração e a condenará, porque veio dos confins a terra a ouvir a sabedoria de Salomão. Ora aqui está quem é mais do que Salomão. (Mt 12,41-42)

Existe uma doença intelectual chamada cronocentrismo: a ilusão de que o tempo em que vive é o centro da história e que, por nascer numa época particular, você está apto a julgar o passado. Esse tipo de patologia é comum tanto dentro quanto fora da Igreja, com grande frequência se emitem julgamentos e condenações acerca do passado [ou pedidos de desculpas pelos supostos erros do mesmo]. Mas, e se ao invés de nós julgarmos o passado, o mesmo vier a nos julgar? O que Sócrates pensaria dos rumos desta civilização? São Pedro estaria contente com o atual pontífice? Seus ancestrais aprovariam o tipo de vida que está levando? O trecho do Evangelho é particularmente oportuno a esta geração má e adúltera, pois nos tira da posição de juízes e nos coloca no banco dos réus. Seremos capazes de justificar nossa conduta ante os antigos? E se o juízo do passado nos assusta, tanto mais devemos temer o juízo de Deus. Kyrie eleison!

sábado, 15 de julho de 2023

Estruturas Labirínticas

A (Besta) consegue que todos, pequenos e grandes, ricos e pobres, livres e escravos, sejam marcados na sua mão direita, ou na sua fronte, e que ninguém possa comprar ou vender, exceto aquele que tenha o sinal ou o nome da besta ou o número de seu nome. (Ap 13, 16-17)

A maioria dos meus irmãos de fé tem insistido em questões relacionadas a unidade e a ordem; eu, por outro lado estou obcecado com a ideia do caos e o paradigma da fragmentação. Sem dúvida alguma certa espécie de caos é consequência imediata das ideologias liberais e, a antiga Cristandade - onde toda a sociedade civil era ordenada a Cristo - é preferível a qualquer outro modelo; naquele tempo, havia uma profunda união entre Igreja e Estado, de forma a tentar iluminar as realidades temporais, mas esse tempo acabou: as estruturas de poder estão intrinsicamente corrompidas - incluso os altos postos da hierarquia eclesial - , a oficialidade está sob o céu de Satã, qualquer medida de centralização e ordem significa dar mais poder ao inferno, entregar aos endemoniados novas formas de controle sobre nossas vidas. O controle exige ordem, unidade e certa simplificação. Ao contrário estruturas complexas, caóticas e fragmentadas - com certo sabor feudal - tornam o controle improvável. Como podem controlar aquilo que não conseguem compreender? Como podem fazer valer sua vontade iníqua se não tem meios de ação para realizá-la?

Elevar a complexidade social, acelerar a fragmentação e alimentar uma cultura underground, em suma construir estruturas labirínticas. Certo é que há nessas estruturas algum perigo: mal intencionados, golpistas -  o Minotauro vaga pelos corredores!  Sem o fio de Ariadne acabaremos por perecer - . Contudo, não é preferível enfrentar tais desafios a favorecer a centralização e a concentração do poder que acabará nos levando ao inferno? Pois bem sabemos que a oficialidade está predestinada ao Anti-Cristo.



Poderemos nós usar o bitcoin para escapar do controle da Besta? O descentralização da blockchain parece uma manifestação da sincronicidade de Jung, uma imagem providencial daquilo que precisamos construir. E aqueles que construíram o labirinto poderão se orientar dentro dele, como Dédalo, desde que não alimentem o orgulho e a vaidade de Ícaro.

Gostaria de citar um trecho de Neuromancer, onde está presente a descrição da Vila Strayligth que - tal qual o Labirinto e o Bitcoin - serve para ilustrar o paradigma estético-filosófico que proponho:

— A Villa Straylight — disse uma coisa adornada com pedras preciosas que se estava sobre o pedestal — é um corpo que cresceu sobre si mesmo, uma fantasia gótica. Cada um dos lugares de Straylight é, de algum modo, secreto; existe uma infindável série de câmaras ligadas por passagens e escadas em caracol, que se desenvolvem como intestinos; o olhar fica sempre enredado em curvas estreitas e cheio de telas ornamentadas e de quartos desertos...

Se, contudo, meus argumentos anteriores não foram capazes de convencê-lo, caro leitor, devo eu recorrer a minha cartada final. Não há dúvidas que um mundo complexo, fragmentado e misterioso, repleto de estruturas labirínticas tal como dungeons de um rpg japonês seria tanto mais divertido que a simplicidade monótona da aldeia, não?

sexta-feira, 14 de julho de 2023

Cosmopolitismo Bíblico


14ª Semana do Tempo Comum | Sexta-feira
Primeira Leitura (Gn 46,1-7.28-30)
Responsório Sl 36(37),3-4.18-19.27-28.39-40 (R. 39a)
Evangelho (Mt 10,16-23)

Quando vos perseguirem numa cidade, fugi para outra. Em verdade vos digo que não acabareis de percorrer as cidades de Israel sem que venha o Filho do homem. (Mt 10, 23)

Circunstâncias históricas diversas acabaram por forjar uma aliança entre catolicismo e nacionalismo em um passado próximo. Algumas décadas depois, mesmo após o colapso dos regimes nacionalistas, não poucos católicos procuram recorrer - de forma nostálgica - as soluções do passado. Muitos argumentam que é preciso recuperar o apego a terra, alimentam um ideário provinciano e encaram a tecnologia com um temor caipira. O cosmopolitismo seria uma praga, o estrangeiro, algo a ser temido. Hoje lemos na escritura que Deus abençoa a viagem de Jacó/Israel ao Egito. Por cerca de quatrocentos anos viveriam os judeus no Egito até que Deus os levasse ao deserto com Moisés e, depois de 40 anos de viagem, os conduzisse a Canaã. Nosso Senhor Jesus Cristo diz aos apóstolos (e a ordem ecoa também para nós): se vos perseguirem em uma cidade, fugi para outra!; não existe, pois, qualquer preceito espiritual que nos aprisione a terra que nascemos, antes é uma escolha baseada em critérios pragmáticos. Se o lugar não está bom, se há fome, guerra e perseguição, podemos muito bem armar nossas tendas em outro lugar. E isso não vale apenas para a nação, vale para a cidade, o emprego, a paróquia, a namorada (se não casou ainda está livre para trocar), se as coisas não estão boas, não constitui pecado algum migrar, procurar outros horizontes, você não tem um juramento solene feito sob o altar que te prenda a uma fidelidade eterna a isto, tem?

quarta-feira, 5 de julho de 2023

O signo da bastardia e o caráter bestial das feras


13ª Semana do Tempo Comum | Quarta-feira
Primeira Leitura (Gn 21,5.8-21)
Responsório Sl 33(34),7-8.10-11.12-13 (R. 7a)
Evangelho (Mt 8,28-34)

1.

Sara, porém, tendo visto o filho de Agar Egípcia, que escarnecia de seu filho Isaac, disse para Abraão: expulsa esta escrava e seu filho, porque o filho da escrava não há-de ser herdeiro com meu filho Isaac. Este falar foi duro para Abraão por causa de seu filho (Ismael). Deus, porém, disse-lhe: não te pareça áspero tratar assim o menino e a tua escrava. Atende Sara em tudo o que ela te disser, porque de Isaac sairá a descendência que há-de ter o teu nome. (Gn 21, 9-12)

Apesar de todas as piruetas hermenêuticas dos teólogos do inferno, fica claro a qualquer leitor honesto que uma coisa a Bíblia não é: igualitária. A justiça implica distinção; e uma das distinções mais fundamentais é aquela entre o filho legítimo, o herdeiro, e o bastardo. Ainda que seja inocente, sob o bastardo recai a maldição do pecado de seus pais, ele jamais poderá gozar dos mesmos privilégios do herdeiro, é questão de justiça. Tal ensinamento soava tão duro antes como hoje e perturbou o coração de Abraão, contudo foi confirmado pelo próprio Deus: ainda que Ismael tenha recebido algum tipo de benção, a aliança foi feita com Isaac, o filho de Sara, o filho legítimo de Abraão foi aquele que herdou a promessa. Tal fato deveria tocar a consciência dos fornicadores que, por puro egoísmo, por cinco minutos de prazer, amaldiçoam parte de sua descendência com o signo da bastardia, privando-os de uma família normal.

2. A maioria de nós vive nas cidades; o contato que temos com animais, em geral, se dá com cães e gatos. Geralmente dóceis, frutos de seleção artificial - ainda que ultimamente tenham crescido os vira-latas, os mesmos costumam prover de raças já trabalhadas - com vistas a selecionar características que nos são agradáveis. O próprio entretenimento nos ajuda a romantizar as criaturas: temos ursos de pelúcia e o lobo não nos parece assim tão mau. Não que isso seja particularmente errado, mas nos priva de certo contato com um aspecto importante da realidade, o caráter bestial das feras. Bem ou mau ele costuma aparecer no pitbull, quase como uma falha da matrix, o último testemunho de uma realidade ancestral. Se é difícil para nós imaginar a ferocidade natural, que se dirá da ferocidade demoníaca. Sim, os demônios são capazes de tomar o corpo de animais - como mostra o Evangelho de hoje: em que expulsos dos gadarenos, eles tomam uma manada de porcos - ! Quão aterrorizante deve ser uma besta sob o domínio do inferno? Eis algo que - hoje - para nós é inimaginável.

terça-feira, 27 de junho de 2023

"[...] o que tem o malvado por desprezível, e honra os que temem o Senhor"


12ª Semana do Tempo Comum | Terça-feira
Primeira Leitura (Gn 13,2.5-18)
Responsório Sl 14(15),1a-2-3ab.3cd-4ab.5 (R. 1b)
Evangelho (Mt 7,6.12-14)



<Quem habitará no teu santo monte? (Sl 14(15), 1b)>;  indaga o salmista. A resposta segue, elencando os caracteres de uma vida de virtudes. Dentre eles, chamo atenção ao seguinte versículo: <o que tem o malvado por desprezível, e honra os que temem o Senhor (Sl 14(15), 4)>. A gênesis da crise eclesial que vivemos poder-se-ia rastrear ao desejo adúltero de muitos cristãos - incluindo sua mesma hierarquia - de unir-se com o mundo, compartilhar "as alegrias e as esperanças, as tristezas e as angústias", admirar aos mesmos heróis, desprezar os mesmos vilões. O salmo nos exorta a agir de forma contrária: os heróis, os ídolos do mundo, as celebridades e os homens maus devem ser desprezados, aqueles que temem o Senhor devem ser honrados. Quem são seus heróis, caro leitor? Estás a honrar os santos - os verdadeiros santos - ? Sabe desprezar os ídolos mundanos? Os "santos do inferno": políticos, artistas de vida degenerada, filósofos de raciocínio curto e tantas outras figuras abjetas ao qual o mundo propõe como dignos de admiração? Ou por algum tipo de nacionalismo turvo ou instinto gregário não é capaz de manifestar desprezo a esse tipo de gente? É estreita a porta que conduz a salvação, se não formos capazes de a cada novo dia romper com o mundo, pode ser que não haja lugar para nós no reino dos céus.