Por trás de meu entusiasmo ante o Oriente não há, pois, profundas razões históricas, sociológicas ou metafísicas, mas tão somente certo deleite estético e sobretudo um princípio básico da economia capitalista: a livre-concorrência. O Oriente se ergue como uma civilização alternativa ao Ocidente, um lugar com usos e costumes diversos, com um estilo próprio e influenciado por outros grupos de poder. De certo modo o mesmo se pode dizer da idealização que fazem os metropolitanos da vida interiorana, ou mesmo nossa nostalgia em relação ao passado, à outras eras e outras civilizações. Basicamente não se suporta mais vida nesta nova Sodoma, então, porque não recorrer a concorrência? Ainda que não haja uma migração de fato, o ter em vista outra perspectiva torna a vida mais leve e ajuda a preservar a sanidade. Imagine o quão angustiante seria viver sem alternativas, obrigado a suportar algo que lhe desagrade? Por isso eu considero a luta pela unidade uma das causas mais vis e perversas a qual alguém possa aderir e a fragmentação a mais nobre das batalhas. Sem entrar em devaneios metafísicos que possam soar heréticos, sem transformar princípios em fetiches - imperativos kantianos - que venham a bagunçar tudo, mas falando de realidade humana concreta: unidade significa monopólio.
Ora toda terra tinha uma só língua e um mesmo modo de falar. Mas (os homens), tendo partido do oriente encontraram uma planície na terra de Sennar e habitaram nela. Disseram uns para os outros: vinde, façamos tijolos e cozamo-los no fogo. E serviram-se de tijolos em vez de pedras, e de betume em vez de argamassa. Disseram ainda: vinde façamos para nós uma cidade e uma torre, cujo cimo chegue até ao céu, e tornemos célebre o nosso nome, antes que nos espalhemos por toda terra, O Senhor, porém, desceu a ver a cidade e a torre, que os filhos dos homens edificavam, e disse: eis que são um só povo e têm todos a mesma língua; começaram a fazer esta obra, e não desistirão do seu intento, até que a tenham de todo executado. Vamos, pois, desçamos e confundamos de tal sorte a sua linguagem, que um não compreenda a palavra do outro. Assim o Senhor os dispersou daquele lugar por todos os países da terra, e cessaram de edificar a cidade. Por isso, lhe foi posto o nome de Babel, porque aí foi confundida a linguagem de toda a terra, e daí os espalhou o Senhor por todas as regiões. (Gn 11,1-9)
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