Deus Todo Poderoso, que nos criou à Vossa imagem e nos indicou o caminho do bem, do verdadeiro e do belo, especialmente na pessoa divina de Vosso Filho Unigênito, Nosso Senhor Jesus Cristo, permiti-nos que, pela intercessão de Santo Isidoro, bispo e doutor, durante nossas navegações pela Internet, dirijamos nossas mãos e nossos olhos apenas àquelas coisas que Vos sejam aprazíveis e que tratemos com caridade e paciência todas aquelas almas que encontrarmos pelo caminho. Por Cristo Nosso Senhor. Amém.

domingo, 18 de agosto de 2024

O Deserto do Underground


Assunção da Bem-aventurada Virgem Maria, Solenidade | Domingo
Primeira Leitura (Ap 11,19a; 12,1.3-6a.10ab)
Responsório Sl 131(132),6-7.9-10.13-14 (R. 8)
Segunda Leitura (I Cor 15,54-57)
Evangelho (Lc 11,27-28)

A Mulher fugiu então para o deserto, onde Deus lhe tinha preparado um retiro para aí ser sustentada por mil duzentos e sessenta dias. (Ap 12, 6)

A aspiração de viver no centro (não apenas na questão geográfica, mas cultural) e o medo do combate, no meu entender essas são duas das principais características do espírito burguês, alguém voltado exclusivamente para o mundo. A leitura do livro do Apocalipse proclamada no dia de hoje mostra o caminho contrário: há um dragão vermelho lá fora e uma mulher que foge para o deserto. A mulher é a Virgem Maria, mas também é a Igreja e, ainda, nossa alma. As profecias tem camadas e camadas de significado. O deserto é o underground, o marginal, não no sentido econômico vulgar, mas cultural. A Igreja e também cada cristão, conforme avançam os tempos e o dragão desperta, vai pouco a pouco tendo de se afastar do centro da cultura, habitar as margens, o deserto, até que se completem os dias. Penso que se deveria ajudar os fiéis a pensar desde o deserto. Faz tanto tempo desde o fim da Idade Média, quando o dragão foi liberto de suas correntes, quando a Igreja foi expulsa do Estado e o mesmo se converteu num demônio: o Leviathan; mas ao invés de aprender a lidar com o deserto, alimentamos desejos nostálgicos - beirando ás vezes fantasias milenaristas - de retornar ao centro, de recuperar o poder temporal. Muitos parecem ansiar mais essa utopia eclesiástica, essa vitória política da Igreja, do que de fato a segunda vinda de Cristo. Como se fosse possível construir algo estável nesse mundo instável;  que é isso senão uma miragem?

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