Sombra do Éden

Santo Antão, abade - Memória | Terça-feira

Primeira Leitura (Hb 6,10-20)

Responsório Sl 110(111),1-2.4-5.9 e 10c (R. 5b)

Evangelho (Mc 2,23-28)

Sucedeu que, caminhando o Senhor em dia de sábado, por entre campos de trigo, os seus discípulos, enquanto caminhavam, começaram a colher espigas. (Mc 3,23)

No Éden, Adão podia apanhar toda sorte de frutas. Os discípulos do Mestre, enquanto caminhavam com Ele e ouviam seus ensinamentos, colhiam espigas de milho. Tente, porém, conservar hábitos de caçador coletor no mundo contemporâneo e falhará miseravelmente. É cada vez mais raro encontrar árvores frutíferas pelas cidades, tanto mais pequenos animais que possar servir como fonte de proteína. Não só: antigamente era tanto mais comum encontrar belos jardins, rosais próximos às casas da aristocracia local, plantas de bom odor. Também isso acabou. O mundo natural quando se apresenta na maioria de nossas cidades tem um aspecto feio: não é o jardim cultivado, a frondosa árvore a dar sombra e fruto, o coelhinho a pular por ai, mas o terreno baldio infestado de plantas daninhas, criadouro de mosquito da dengue, habitat de cobras e lagartos. O mundo envelhece... Mal é possível distinguir - ao menos para a maioria das pessoas - sequer a mais remota sombra do Éden, uma mínima imagem - ainda que ofuscada -  daquele belo jardim primevo fora do mundo da imaginação.