Deus Todo Poderoso, que nos criou à Vossa imagem e nos indicou o caminho do bem, do verdadeiro e do belo, especialmente na pessoa divina de Vosso Filho Unigênito, Nosso Senhor Jesus Cristo, permiti-nos que, pela intercessão de Santo Isidoro, bispo e doutor, durante nossas navegações pela Internet, dirijamos nossas mãos e nossos olhos apenas àquelas coisas que Vos sejam aprazíveis e que tratemos com caridade e paciência todas aquelas almas que encontrarmos pelo caminho. Por Cristo Nosso Senhor. Amém.

sábado, 21 de dezembro de 2024

O Não-Trabalho e o Futuro do Trabalho

E disse em seguida ao homem: Porque ouviste a voz de tua mulher e comeste do fruto da árvore que eu te havia proibido de comer, maldita seja a terra por tua causa. Tirarás dela com trabalhos penosos o teu sustento todos os dias de tua vida. Ela te produzirá espinhos e abrolhos, e tu comerás a erva da terra. Comerás o teu pão com o suor de teu rosto, até que voltes à terra de que fostes tirado, porque és pó, e pó te hás de tornar. (Gn 3, 17-19
 
Especular sobre o futuro do trabalho desde as periferias do terceiro mundo é fazê-lo de uma perspectiva não muito favorável, não é aqui que se constrói o futuro, antes o contrário, o país está cada vez mais assustado e hostil às novas tecnologias, tentando inutilmente desacelerar a corrida tecnológica. Contudo, se o cyberpunk se define desde o paradgima high tech/low life, talvez tenhamos certas vantagens competitivas em relação ao primeiro mundo, poucas nações estão tão despreparadas para as mudanças do porvir quanto a nossa.

Em Piratas de Dados de Bruce Sterling, atua em Singapura o Movimento Anti-Trabalhista. Com a acelerada mecanização, cada vez mais os antigos postos de trabalho foram tomados pelas máquinas. Os sindicatos passaram a reagir, incialmente, com a tradicional retórica ludista: "-Há de proteger os postos de trabalho, guerra ás máquinas!"; contudo, uma vez perdida a guerra, eles se transmutaram em seu exato oposto. Se as máquinas podem por si mesmo sustentar a economia, por que deveria o homem trabalhar? Assim se criou um movimento de vagabundos, defendendo o "direito" ao ócio. Ócio este obviamente custeado por outrem...

Hoje ainda não existe algo como um movimento anti-trabalhista, mas o desejo de libertar-se do trabalho, ou ao menos do trabalho tradicional, está presente na cultura global. Há, desde a edificação do estado de bem estar social, uma crescente massa de indivíduos recebendo esmola governamental, vivendo de benefícios sociais, em nosso país essa massa é cada vez mais numerosa. Se recebe dinheiro por não ter dinheiro, se recebe dinheiro por ter filhos, se recebe dinheiro por.... estudar. Tudo custeado pelo contribuinte, o trabalhador sustentando aquele que não trabalha através de um perverso mecanismo político.
"O Brasil tem 220 milhões de habitantes. 100 milhões recebem benefícios, 50 milhões são idosos ou jovens e os outros 50 milhões que trabalham para sustentar a base. A conta não fecha." (1)
Mas, não são apenas os pobres que almejam viver sem trabalho, também os ricos. O sistema financeiro apresenta toda uma complexidade lovecraftiana, prometendo aos investidores formas de maximizar seu patrimônio sem ter de por a mão na massa. Desde estratégias de investimentos de longo prazo a mecanismos especulativos de curto prazo como o day trade, até a tecnologia nascente das criptomoedas. E para aqueles que desejem um jogo mais bem desenhado, temos ascensão dos bets, cassinos virtuais e mercados de apostas pocketizados, tudo na tela do celular.

Existe ainda outra opção, ainda que não seja uma promessa de não trabalho, ao menos libertaria o individuo da figura do capataz, daquele infeliz que o submeteria a uma estrutura de submissão, de metas e horários fixos. A gigaeconomia ofereceria ao indivíduo maior flexibilidade, ele poderia fazer seu próprio horário, teria maior autonomia. Nessa economia de bicos por aplicativo, qualquer um poderia obter uma renda extra com Uber, como entregador do iFood ou alugar seu quarto no Airbnb. Acontece que, aqui no terceiro mundo, a gigaeconomia devorou a economia oficial. O Uber deixou de ser um bico para tornar-se uma profissão, levando a um fenômeno de precarização. Basicamente o sujeito perde um emprego formal com certas garantias legais e passa a prover o sustento de sua família através desses aplicativos, sujeito a uma série de incertezas e sem amparo algum. Ao fim, muitos passam a sentir nostalgia pelas cebolas do Egito...

Sem mencionar a economia de influência, onde IP's se digladiam na internet em busca de audiência. Como palhaços de circo, vale tudo para atrair a atenção, e tentar convertê-la em fonte de renda.

Como pretérito sonho da geração passada de se obter fortuna como cantor sertanejo ou jogador de futebol, essas novas formas econômicas oferecem de fato oportunidades incríveis e algumas vezes cumprem suas promessas. Quanta gente não ficou rico com criptomoedas ou acertou a mão vendendo cursos no Instagram? E aí está uma grande fonte de revolta por parte dos guardiões do status quo. Havia toda uma complexa engenharia social construída para recompensar aqueles que eram leais ao sistema e punir os dissidentes, havia um level desining planejado para dar a vitória a certos atores, como o jogo entre Alice e a Rainha de Copas. Bom, as pessoas não querem mais jogar este jogo, antes estão tentando outras formas de diversão...

O trabalho fora o castigo imposto por Deus ao homem. Adão pecou, você pecou, eu também pequei, então a vida não é só assistir anime, andar de bike e jogar videogame. Ao fim e ao cabo, temos de trabalhar. Mas é como se não pudéssemos negociar um contrato mais vantajoso. Sim, em última instância o trabalho é um contrato, vendemos nosso tempo em troca de certa remuneração financeira... O objetivo deste ensaio não é manifestar um juízo moralista inútil, mas tão somente demarcar certos elementos do cenário. E de certo modo, convidar o leitor a testar e explorar tais elementos.

Talvez eu volte ao assunto em textos futuros.

segunda-feira, 2 de dezembro de 2024

O início da via purgativa - Pe. Roberth Hugh Benson

Al principio, como hemos dicho, el alma disfruta extraordinariamente con lo meramente externo, que considera santificado por la presencia de Cristo. Por ejemplo, la organización humana de la Iglesia, sus métodos, las funciones litúrgicas, la música y el arte religiosos, todo tiene para ella un sentido celestial y divino.

Con extraordinaria frecuencia, la primera señal de que ha empezado a recorrer la vía purgativa consiste en la sensación que experimenta el alma de lo que el mundo llama desilusión. Y esta sensación tiene causas muy distintas.

Por ejemplo, el alma se encuentra frente a unos hechos desconcertantes un sacerdote indigno, una congregación desunida, escándalos en la vida cristiana, etc., justamente en los ámbitos en los que Jesucristo debería ser el modelo supremo. Pensaba que la Iglesia era perfecta por ser la Iglesia de Cristo, o el sacerdocio inmaculado por pertenecer al orden de Melquisedec… Y para su decepción, se encuentra con la vertiente humana indefectiblemente asociada a las cosas divinas en la tierra.

La novedad empieza a disiparse, y ahora el alma siente que las cosas que creía más directamente relacionadas con su nuevo amigo son ajenas, temporales y transitorias en sí mismas. Su amor por Cristo era tan grande como para hacer brillar todas aquellas cosas externas que ambos compartían; ahora, ese brillo empieza a apagarse y las ve mucho más terrenales. Y cuanto más intenso fue su amor imaginativo, más intensa es su decepción actual.

Esta es, pues, la primera etapa de la vía purgativa; el alma siente desilusión ante las cosas humanas y considera que los cristianos deberían ser —y después de todo no son— otros Cristos.

El primer peligro se presenta inmediatamente: no hay procedimiento de limpieza que no implique cierto poder destructor. Y si el alma es un poco superficial, perderá la amistad con Cristo (la que tenía) además de las atenciones y regalos con los que Ella obsequiaba y complacía. En el mundo hay almas débiles que fallan en esta prueba, que confunden un enamoramiento humano con el Amor esencial, y en cuanto Cristo se despoja de sus adornos, se separan de El. Pero si son almas más firmes, habrán aprendido la primera lección: que la divinidad no radica en las cosas materiales y que el amor de Cristo es algo mucho más profundo que los mismos regalos que El hace a sus nuevos amigos.

- BENSON, Robert H. La amistad de Cristo; p.12.