7ª Semana da Páscoa | Sexta-feira
Primeira Leitura (At 25,13b-21)
Responsório Sl 102(103),1-2.11-12.19-20ab (R. 19a)
Evangelho (Jo 21,15-19)
[...] tanto o oriente dista do ocidente quanto Ele afasta de nós nossos pecados. (Sl 102(101), 12)
Para além da simples questão geográfica, penso eu que essa distância entre Oriente e Ocidente - no que diz respeito a temperamento, usos e costumes - tem algo de providencial. É como que um mecanismo de segurança, em um mundo unipolar, numa República Universal, todos vão juntos para o abismo junto; mas se há dissenção, se há fragmentação, é possível traçar outros destinos, apartar-se da desgraça coletiva. Há algo de demoníaco no desejo fetichista por unidade política e cultural, um reboot do episódio da Torre de Babel. Ao mesmo tempo, há algo de providencial na fragmentação, na confusão das línguas. Não é a política a via de unidade, mas a religião revelada, e ainda assim é uma unidade paradoxal com grande espaço para a variedade e experimentação: a Igreja medieval com sua miríade de ordens, onde a autoridade do bispo e do abade se confundiam, onde os reis e a nobreza como que num sistema de freios e contrapesos coibiam os excessos do clero, onde se podia confundir até onde iam os limites da autoridade do Papa e do Imperador.


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