Santo Ambrósio, bispo e doutor da Igreja - Memória | Quinta-feira
Primeira Leitura (Is 26,1-6)
Responsório Sl 117(118),1.8-9.19-21.25-27a (R. 26a)
Evangelho (Mt 7,21.24-27)
1.
Ele abate os que habitam no alto, e humilha a cidade altiva; fá-la descer até o pó. (Is 26, 5)
É dito pelo profeta Isaías que Deus humilhará a cidade altiva. Uma vez mais estamos diante de um curioso mistério: como pode uma cidade ser altiva? De algum modo os agrupamentos coletivos humanos adquirem algum tipo de personalidade, de caráter particular. Perdemos a sensibilidade a esse tipo de coisa e a maior parte das cidades nos parecem tediosamente iguais... Embora não saiba dizer se - nesses tempos de degeneração - essa insensibilidade é de todo ruim.
''Essa cidade é uma prostituta...'' canta uma banda alemã, a canção dirigida a Moscou bem poderia se aplicar a tantas cidades hoje com muito mais propriedade.
2.
É melhor buscar refúgio no Senhor, que confiar nos príncipes. (Sl 117 (118), 9)
É melhor buscar refúgio no Senhor, que buscar nos poderosos deste mundo, canta o salmista. A vulgata usa o termo ''confiar nos príncipes'', o sentido é o mesmo ainda que a redação esteja mais elegante, como é próprio da tradução latina Recentemente alguns despertaram, houve - ao menos no Brasil - uma série de decepções políticas. O homem não deve confiar nos príncipes, nos poderosos, na política, tanto menos na política moderna. E pensar que tantos perderam sua liberdade, saúde e até mesmo a vida para defender líderes inaptos. Qual foi sua recompensa? Nenhuma. Todo o sujeito que agita as massas pedindo concentração de poder para si, sob a vã promessa de construir um mundo melhor devia ser recebido com cuspes na cara. O technoleviatã hobessiano é um máquina infernal que deve ser destruída, é impossível convertê-la a bons propósito.
3. É claro o texto do Evangelho: a tempestade vem para todos! Ambas as casas sofreram os reveses do vento e as pancadas da chuva, a diferença é que aquela edificada sobre a rocha se manteve de pé, sobre as ruínas da outra. A religião burguesa do bem-estar, que promete uma vida tranquila sem provações é uma mentira. Se não tivermos isso em mente, poderemos cair na inveja e na conduta vacilante de tantos cristãos possessos pela tibieza, que parecem invejar os porcos: os pagãos e mundanos imersos na Matrix da cultura contemporânea. Aos seus olhos míopes parece que não sofrem uma vez que se renderam... Como se desposar prostibrutas e criar bastardos não fosse sofrimento, como se fossem poupados de ter seu patrimônio roubado por tribunais iníquos, como se estivessem imunes as crises econômicas, como se viver sem propósito destruindo o corpo e a alma fosse algo a ser aspirado. Estultos que se deixam ludibriar pelas mentiras do demônio do meio-dia, pela astúcia de Belfegor.